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segunda-feira, 9 de junho de 2025

Quando a alimentação do bebê pode estar interferindo na saúde?

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A alimentação nos primeiros anos de vida exerce um papel central no crescimento, no desenvolvimento neurológico e na formação do sistema imunológico do bebê. No entanto, mesmo com toda a atenção dos pais ou cuidadores, nem sempre é fácil perceber quando algo na alimentação pode estar interferindo negativamente na saúde da criança.

Reconhecer esses sinais de alerta é essencial para promover intervenções precoces e evitar consequências a longo prazo.

Sinais de que algo não vai bem

Bebês não conseguem expressar em palavras o que sentem, por isso o corpo se encarrega de manifestar os desequilíbrios. Um dos primeiros sinais de que a alimentação pode estar impactando a saúde são alterações no padrão de crescimento. Se o bebê não está ganhando peso ou estatura como o esperado para sua idade — ou, ao contrário, está ganhando peso excessivo rapidamente — é importante investigar.

Outros sinais incluem:

  • Distúrbios gastrointestinais frequentes, como cólicas intensas, constipação persistente, diarreias frequentes ou fezes muito duras.
  • Reações cutâneas, como dermatites, urticárias ou assaduras muito intensas, que podem indicar alguma intolerância ou alergia alimentar.
  • Irritabilidade constante, sono agitado ou dificuldade de se alimentar com prazer.
  • Infecções recorrentes, que podem estar associadas a deficiências nutricionais, especialmente de ferro, zinco ou vitaminas do complexo B.

Alimentação inadequada não é só “junk food”

É comum associarmos uma alimentação ruim apenas ao consumo de alimentos ultraprocessados ou com excesso de açúcar. Embora isso de fato traga prejuízos à saúde, muitos problemas podem surgir mesmo quando a intenção dos cuidadores é oferecer uma dieta saudável.

Alguns exemplos:

  • Introdução precoce de alimentos: Antes dos seis meses, o leite materno (ou fórmula infantil, quando indicada) é suficiente para atender todas as necessidades nutricionais do bebê. Essa recomendação está alinhada com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde do Brasil, que indicam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e uma introdução alimentar cuidadosa e gradual a partir desse momento, garantindo a oferta segura e adequada dos alimentos complementares.
  • Monotonia alimentar: Após a introdução alimentar, oferecer sempre os mesmos alimentos pode levar a deficiências nutricionais. A diversidade é fundamental para garantir a oferta adequada de vitaminas e minerais.
  • Exclusão sem orientação médica: Restringir alimentos importantes — como o glúten ou laticínios — por conta própria, com receio de alergias, pode prejudicar o desenvolvimento e levar a carências nutricionais sérias.
  • Uso exagerado de fórmulas ou complementos: A oferta de fórmulas infantis, engrossantes ou vitaminas sem recomendação profissional pode causar desequilíbrios importantes, além de mascarar sinais de má nutrição.

Alergias e intolerâncias: quando suspeitar?

As alergias alimentares costumam surgir nos primeiros meses ou anos de vida, após o contato com proteínas alimentares que o sistema imunológico da criança reconhece como agressoras. Alimentos como leite de vaca, ovo, soja, trigo, peixe e oleaginosas estão entre os mais frequentemente envolvidos.

Os sintomas podem afetar diferentes sistemas do organismo: o digestivo (vômitos, diarreia com ou sem sangue), a pele (urticária, dermatite, inchaços) e o respiratório (chiado, tosse ou coriza). Em casos mais graves, pode haver reação anafilática, o que exige atendimento médico imediato.

Diante de qualquer suspeita de reação adversa associada à alimentação, é essencial observar os sinais com atenção, evitar repetir a exposição ao alimento suspeito e buscar orientação profissional para investigação diagnóstica. No caso de reações relacionadas ao leite de vaca, por exemplo, — uma das causas mais comuns de alergia alimentar na infância — você pode consultar informações sobre os sintomas da APLV, elaboradas com base em evidências clínicas.

Já as intolerâncias alimentares, como a intolerância à lactose, tendem a se manifestar mais tardiamente, geralmente com sintomas s ao sistema digestivo, como distensão abdominal, gases, dor abdominal e fezes mais ácidas ou amolecidas.

É importante não confundir reações normais com problemas alimentares. Gases e cólicas, por exemplo, são comuns nos primeiros meses e não significam necessariamente que o bebê tem intolerância ao leite ou precisa de uma fórmula especial.

O diagnóstico deve sempre ser feito por um profissional capacitado, com base no histórico clínico e, se necessário, em exames complementares.

O papel do profissional de saúde

Pediatras, nutricionistas materno-infantis e gastropediatras têm papel essencial no acompanhamento da alimentação do bebê. Mais do que apenas orientar cardápios, esses profissionais avaliam o contexto familiar, o comportamento alimentar da criança e eventuais sinais de risco.

A consulta de rotina é uma oportunidade valiosa para tirar dúvidas, relatar observações e ajustar a alimentação de forma personalizada. É importante lembrar que cada bebê é único: o que funciona para um pode não ser ideal para outro. Evitar comparações e buscar informações confiáveis é um o importante para garantir uma nutrição segura e adequada.

O que os pais podem fazer?

Além de seguir as orientações médicas, há atitudes práticas que os pais e cuidadores podem adotar para prevenir problemas relacionados à alimentação:

  • Observar e respeitar os sinais de fome e saciedade do bebê.
  • Evitar forçar a alimentação, o que pode gerar aversão alimentar no futuro.
  • Garantir um ambiente tranquilo durante as refeições, sem distrações como telas ou excesso de estímulos.
  • Oferecer uma variedade de sabores e texturas, de forma progressiva e com paciência.
  • Registrar o que o bebê come e como reage, especialmente durante as fases iniciais da introdução alimentar.

A alimentação do bebê influencia diretamente sua saúde presente e futura. Saber identificar quando ela está causando algum impacto negativo exige atenção, escuta ativa e apoio profissional. Com informação, acompanhamento adequado e uma abordagem respeitosa, é possível oferecer ao bebê não apenas nutrição, mas também bem-estar, vínculo e autonomia para uma relação saudável com a comida.

Referências:

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Manual de aspectos nutricionais em situações especiais na infância e adolescência. São Paulo: SBP, 2024. 110 p.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. DEPARTAMENTO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 265 p. il.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento Científico de Alergia. Alergia alimentar. São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria, março 2023. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias-new/doencas/alergia-alimentar/.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento Científico de Gastroenterologia. Intolerância à lactose. São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria, 28 nov. 2017. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias-new/noticias/news/intolerancia-a-lactose/.

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